Na semana passada, o Rio de Janeiro foi o palco do show espetacular da cantora Madonna. A estimativa é que o evento tenha reunido 1,6 milhão de pessoas nas areias da praia de Copacabana, registrando um novo recorde para esse tipo de apresentação.

A Prefeitura do Rio estima que o evento tenha movimentado R$ 294 milhões na economia do município, valor superior ao registrado habitualmente no Carnaval e no Réveillon, ocasiões em que a cidade mais atrai turistas. De acordo com o que foi divulgado, a ocupação da rede hoteleira chegou a 96%, 175 voos extras tiveram de ser disponibilizados, além de inúmeros ônibus para levar os fãs de outras localidades até o Rio de Janeiro.

O show na cidade maravilhosa, patrocinado pela iniciativa privada, foi o 81º da “Celebration Tour”, turnê que comemora 40 anos de carreira da cantora e que já passou por 15 países da Europa e da América do Norte, com faturamento estimado em U$ 245 milhões.

Madonna é considerada uma das artistas mais ricas do mundo – sua fortuna, de acordo com a revista Forbes, é estimada em U$ 580 milhões. Para o show do Rio, estima-se que o cachê tenha sido de R$ 17 milhões.

A artista revolucionou o show business com apresentações grandiosas, criativas e performáticas que trazem para o palco os musicais do cinema, figurinos luxuosos e times de dançarinos. Ela é também uma revolucionária dos costumes e defensora das minorias, sendo adorada pelo público LGBTQIA+ pelas barreiras que rompeu e discussões que provocou.

E o ponto que quero colocar no holofote aqui é que está mulher cujas conquistas elenquei acima tem 65 anos de idade. Na premiação do Grammy 2023, ela rebateu as críticas à sua aparência como etarismo, suscitando um debate nas redes sociais e na mídia.

“Um mundo que se recusa a celebrar mulheres com mais de 45 anos e sente a necessidade de puni-las se continuam a ser obstinadas, trabalhadoras e ousadas”, escreveu a cantora no seu perfil do Instagram em um post com mais de 600 mil curtidas.

Pelas regras de muitas empresas brasileiras, Madonna já deveria ter se aposentado, pois na percepção de boa parte do mundo corporativo a pessoa a partir dessa idade não tem muito a contribuir, tampouco segue criativa.

Mas Madonna está aí para comprovar não só que tem um imenso poder de criar valor para quem a patrocina, mas também que sua energia e criatividade seguem a todo vapor, tanto que é adorada pelos fãs e seguidores.

Recentemente publiquei aqui vários artigos refletindo sobre etarismo, abordando como o preconceito está arraigado no RH das empresas, a necessidade de rever conceitos a partir do envelhecimento da população, a importância de valorizar experiências e sobre como decidir o momento de se aposentar.

E o sucesso de Madonna aos 65 anos demonstra que é hora de as empresas entenderem a diferença entre idade funcional e idade física e aceitarem que talentos como o dela existem em várias áreas. Portanto, criar regras com base na idade física é ultrapassado, totalmente fora de época.

 

 

JOÃO BOSCO SILVA
Sócio – Cambridge Family Enterprise Group

 

Fundador da Bridge Business Advisors, que em 2017 se fundiu a Cambridge Family Enterprise Group para atender famílias brasileiras. Foi CEO da Votorantim Metais, em que liderou o processo de internacionalização e crescimento da empresa e participou do processo de transição da segunda para a terceira geração. Anteriormente, foi CEO da Alcan Alumínio do Brasil e trabalhou em Montreal como Diretor de melhoria de desempenho para empresas da Alcan. Fez seu MBA no IMD, na suíça, e formou-se em engenharia metalúrgica pela escola de mineração de Ouro Preto.