É bem conhecida a evolução que muitas empresas familiares no Brasil estão vivendo ao adotar Conselhos de Administração, de Sócios e de Família. A composição destes Conselhos já foi objeto de um artigo que publiquei recentemente aqui explicando como são escolhidos os conselheiros externos nas empresas familiares. Esta semana tivemos uma experiência muito interessante que gostaria de compartilhar com vocês para ampliar a reflexão sobre o tema.

É bem conhecida a evolução que muitas empresas familiares no Brasil estão vivendo ao adotar Conselhos de Administração, de Sócios e de Família. A composição destes Conselhos já foi objeto de um artigo que publiquei recentemente aqui explicando como são escolhidos os conselheiros externos nas empresas familiares. Esta semana tivemos uma experiência muito interessante que gostaria de compartilhar com vocês para ampliar a reflexão sobre o tema.

A Cambridge Family Enterprise Group, empresa da qual sou sócio, convidou um grupo de cerca de 15 conselheiros externos, todos muito experientes, para uma Roda de Conversa. O objetivo era trocar experiências sobre a importância do papel que exercem nas organizações.

A reunião foi aberta por William Ling, acionista e presidente do Conselho da Évora, uma das empresas familiares de maior sucesso no Brasil e com uma grande presença internacional. A Évora desenvolveu muito bem ao longo dos anos uma governança estruturada e pedimos ao William para trazer sua visão sobre o que espera de um conselheiro externo. Ele destacou os seguintes pontos:

  • Ter a independência para colocar seus pontos de vista e opiniões mesmo que sejam contrários aos dos acionistas;
  • Ter a habilidade de conciliar decisões entre os sócios quando estes não conseguem chegar a um consenso nas decisões;
  • Saber fazer as perguntas certas aos executivos, desafiando-os a trazer soluções inovadoras.

A partir dessas considerações, surgiram outras questões como parte do debate que julgo importante complementar. A primeira delas é que o conselheiro externo tem de entender do negócio que participa; para isto, tem de visitar operações, conhecer os desafios e – mais importante – os mandatos não podem ser muito curtos já que o aprendizado demanda tempo e interação com os acionistas.

Ainda sobre a atuação, foi destacada a importância de não se envolver na execução, assumindo papéis que são dos executivos. Outro aspecto salientado foi a capacidade de comunicação, especialmente em assuntos que envolvem temas delicados entre familiares. Esta habilidade emocional foi considerada como um dos pontos críticos da atuação destes conselheiros

Os participantes trouxeram informações sobre melhores práticas executadas em algumas empresas que podem ser replicadas:

  • Utilizar os 20 minutos iniciais de cada reunião do Conselho para “colocar todos na mesma página”, alinhando com os conselheiros os pontos principais da agenda;
  • Redigir um mandato dos sócios para o Conselho de Administração e Executivos, indicando o que esperam dos executivos e conselheiros em termos de cultura e resultados;
  • Definir que quando houver deliberações envolvendo conflito de interesses com sócios, as decisões devem ser tomadas pelos conselheiros externos;
  • Incentivar o envolvimento dos conselheiros externos nos projetos de sucessão das empresas familiares, já que essa visão “de fora” poderá trazer contribuições importantes.

Muitos temas ainda ficaram para ser abordados em futuras reuniões do grupo, como a dinâmica das empresas familiares, sucessão, o papel do fundador e a relação da família com os executivos, entre outros. Outro aspecto a ser discutido diz respeito ao desenvolvimento dos conselheiros e aos desafios para se manterem atualizados em um mundo em mudança permanente.

A avaliação geral dos participantes foi bastante positiva e para nós, da CFEG, foi uma grande satisfação promover essa troca de experiências com um grupo tão especial. Esperamos que seja o primeiro de muitos encontros e que traga muitos frutos às empresas e aos conselheiros.

Gostaríamos muito de receber sugestões de temas a serem debatidos em fóruns como este, que podem ser mencionados aqui nos comentários. E se você tem interesse em participar ou indicar alguém para contribuir nestas rodas de conversa, entre em contato com nosso time da CFEG Brasil.

 

Autor:

 

 

JOÃO BOSCO SILVA
Consultor Sênior e Sócio – Cambridge Family Enterprise Group

 

Fundador da Bridge Business Advisors, que em 2017 se fundiu a Cambridge Family Enterprise Group para atender famílias brasileiras. Foi CEO da Votorantim Metais, em que liderou o processo de internacionalização e crescimento da empresa e participou do processo de transição da segunda para a terceira geração. Anteriormente, foi CEO da Alcan Alumínio do Brasil e trabalhou em Montreal como Diretor de melhoria de desempenho para empresas da Alcan. Fez seu MBA no IMD, na suíça, e formou-se em engenharia metalúrgica pela escola de mineração de Ouro Preto.