Em muitas famílias empresárias, vemos o seguinte cenário: a estratégia nasce nas diretorias de cada empresa e sobe para ser “chancelada” pelos sócios. O efeito? Negócios que não conversam entre si, visões de futuro fragmentadas e pouca contribuição dos conselhos de administração e dos próprios sócios em seus papéis de governança.
Quando a família já alcançou um certo nível de complexidade — diversidade geracional, diferentes perfis de acionistas e portfólio de negócios diversificado — o papel do Conselho de Sócios se torna essencial. É ele quem deve assumir o direcionamento estratégico e responder a perguntas como:
- Onde queremos chegar no longo prazo, como grupo empresarial? Que nível de riscos estamos dispostos a assumir?
- Que tipo de valor queremos criar (financeiro, reputacional, de talentos, relacional)?
- Qual deve ser o papel da família no empreendimento?
Esse alinhamento de visão entre os sócios precisa ser desdobrado em mandatos estratégicos para os fóruns de Governança, com objetivos e metas para o médio prazo (3 a 5 anos). A depender do nível de complexidade e maturidade do empreendimento familiar, é possível criar mandatos para o(s) Conselho(s) de Administração, para o Conselho de Família e para o Family Office. O importante é que cada um desses mandatos tenha um destinatário claro e seja consistente com a visão dos sócios.
No caso do(s) Conselho(s) de Administração, o mandato estratégico dos sócios deve orientá-lo sobre a criação de valor — financeiro e não financeiro — e sobre como equilibrar liquidez dos acionistas, crescimento dos negócios e controle das decisões no tempo. Além disso, cabe aos sócios identificar quais competências o grupo deve fortalecer ou desenvolver no longo prazo e onde estão as oportunidades de mercado que convergem com sua ambição e com suas competências.
Com o mandato estratégico em mãos, o Conselho de Administração direciona, avalia e aprova o planejamento estratégico e o orçamento anual de cada empresa. O Conselho de Sócios, por sua vez, monitora o cumprimento desses mandatos. Assim, a estratégia nasce da visão dos sócios e se conecta ao dia a dia das empresas, garantindo alinhamento estratégico, coerência dentro do empreendimento familiar e evitando retrabalhos ou desalinhamentos.
Na CFEG, trabalhamos com metodologias que conectam a visão de longo prazo dos sócios ao planejamento estratégico das empresas. O resultado é uma governança em que o Conselho de Administração não atua de forma isolada, mas executa um mandato estratégico claro vindo dos sócios — garantindo coerência, sustentabilidade e longevidade para o empreendimento familiar.