Há vários anos a revista Forbes divulga a lista dos bilionários existentes no mundo, que já se tornou uma marca registrada da publicação. O critério utilizado é a participação em empresas de capital aberto. Certamente a lista não cobre todos os bilionários, já que muitos deles possuem seu patrimônio aplicado em fundos privados e/ou em empresas com participação minoritária, via fundos de investimento. Ou seja, não é um levantamento preciso, mas pode ser comparável, já que o mesmo critério é utilizado por muitos anos.

Em 2024, segundo a publicação, havia 2.781 bilionários no mundo, 141 a mais do que no ano anterior e 26 a mais do que o recorde, registrado em 2021. Os Estados Unidos lideram a lista, contando com 813 dos bilionários do mundo, quase 30% do total, seguidos pela China, com 473. O Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking da revista, com 69 bilionários.

Um ponto interessante é que muitos destes bilionários vêm entendendo melhor o seu importante papel na construção de um futuro mais sustentável e, com isso, vêm optando por dedicar parte da sua fortuna (e de seu tempo) a ações que geram impacto social e/ou ambiental. Esse movimento pode ser feito de várias formas e se engana quem pensa que a filantropia tradicional é a única delas.

O impacto positivo pode ser gerado por meio das empresas (com a adoção de práticas sustentáveis na estratégia do negócio), com a criação de institutos e fundações e, ainda, com os chamados investimentos de impacto (equilibrando lucro com propósito).

Alguns exemplos fundações constituídas por bilionários que vêm transformando realidades ao redor do mundo e vêm servindo de inspiração.

  1. Fundação Bradesco: fundada em 1956 por Amador Aguiar e mantida com parte das ações do seu patrimônio, que foram doadas para a instituição, tem como principal causa a educação. Atua com uma rede de escolas próprias que atende mais de 50 mil alunos em todo o Brasil, oferecendo ensino fundamental e médio de alta qualidade. A Fundação oferece, ainda, programas para educação de adultos, além de bolsas de estudo em universidades.
  2. Fundação Lemann: criada pelo empresário Jorge Paulo Lemann em 2002, possui como focos estratégicos principais educação e lideranças, ambos com compromisso transversal pela equidade racial.
  3. Fundação Bill e Melinda Gates: o fundador da Microsoft e sua então esposa instituíram a fundação em 2000 com o objetivo de promover melhorias na saúde, educação e equidade global. Investe fortemente em pesquisas para combater doenças, pobreza e a fome.
  4. Fundação Rockefeller: fundada em 1913 por John D. Rockefeller juntamente com seu filho, é a segunda maior instituição filantrópica dos EUA, já tendo doado o total de US$ 14 bilhões. Conta com uma gestão independente da família e uma governança bem estruturada.

A tendência mundial é atuar com propósito e responsabilidade, visando melhorias das condições sociais e ambientais, seja instituindo fundações, como os exemplos citados acima, seja via empresa (na relação com clientes, fornecedores, comunidade local, acionistas, etc.), seja por meio da diversificação da alocação de capital em investimentos de impacto, prática que vem crescendo, principalmente entre gerações mais jovens.

Ainda que o Brasil tenha já tenha várias iniciativas, muitas das ações socioambientais realizadas por famílias empresárias, sejam elas por meio da empresa ou de forma individual, ainda carecem de uma boa base estrutural e uma estratégia de impacto.

Na Cambridge Family Enterprise Group, atuamos há mais de três décadas apoiando famílias empresárias em suas trajetórias de sucesso ao longo de gerações. Nos últimos anos, notamos o crescente número de famílias empresárias com o desejo de atuar de forma mais coordenada e eficiente em suas ações de impacto social. Em razão disso, desenvolvemos uma metodologia própria para apoiá-las nessa questão e potencializar os impactos gerados. Esse movimento requer planejamento, foco e alinhamento. Não é um processo simples, mas é sem dúvida uma jornada transformadora e gratificante para a família.

Algumas questões fundamentais que devem ser alinhadas ao longo dessa jornada:

  • Que legado queremos deixar para a sociedade?
  • Queremos atuar por meio do nosso negócio, de ações filantrópicas (doações) e/ou vamos diversificar nossos investimentos para fundos de impacto?
  • Qual causa nos mobiliza (educação, saúde, meio ambiente etc.)?
  • Queremos desenvolver projetos sociais próprios ou preferimos atuar em parceria com organizações já existentes (grantmaking)?
  • Quais membros da família estarão envolvidos?
  • Como iremos mensurar o impacto que estamos gerando?
  • Pensando em efeitos tributários, faz sentido criar uma fundação?

Estas são algumas das perguntas que nossa equipe de especialistas aborda no processo de alinhamento da estratégia de impacto das famílias empresárias. Se esse assunto você tem interesse por esse assunto e gostaria de trocar ideias a respeito, venha conversar com a gente.

 

 

JOÃO BOSCO SILVA
Sócio – Cambridge Family Enterprise Group

 

Fundador da Bridge Business Advisors, que em 2017 se fundiu a Cambridge Family Enterprise Group para atender famílias brasileiras. Foi CEO da Votorantim Metais, em que liderou o processo de internacionalização e crescimento da empresa e participou do processo de transição da segunda para a terceira geração. Anteriormente, foi CEO da Alcan Alumínio do Brasil e trabalhou em Montreal como Diretor de melhoria de desempenho para empresas da Alcan. Fez seu MBA no IMD, na suíça, e formou-se em engenharia metalúrgica pela escola de mineração de Ouro Preto.